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O Mundo Superlativo das Pessoas Altamente Sensíveis (PAS) e o Ambiente
Surpreenda-se com o final desta história


A sobrecarga de informações em cores, texturas, estampas, estilos e mistura de elementos cria um cenário caótico para algumas pessoas
Ela respirou fundo antes de entrar no supermercado. Como estava estudando muito sobre a pessoa altamente sentida (PAS), entendeu que deveria se preparar.
As portas automáticas se abriram, e ela foi imediatamente engolfada por uma cacofonia de sons, cores e cheiros. As luzes fluorescentes piscavam incessantemente, fazendo seus olhos doerem. O burburinho constante de conversas, o bipe dos caixas e o rangido dos carrinhos formavam uma sinfonia dissonante que reverberava em sua cabeça.
Enquanto navegava pelos corredores. Sentia-se bombardeada por estímulos. As embalagens coloridas gritavam por sua atenção, cada uma mais brilhante que a outra. O cheiro forte de produtos de limpeza misturava-se ao aroma adocicado da seção de padaria, criando uma mistura nauseante.
Imediatamente lembrou-se das palavras de Elaine Aron em seu livro "O Dom da Sensibilidade": as Pessoas Altamente Sensíveis (PAS) processam informações sensoriais mais profundamente que os outros. Os fatos corriqueiros afetam de forma mais profunda, acionando respostas intensas, mobilizando profunda cognição.
Aquilo que para muitos era apenas uma simples ida ao mercado, para ela era uma verdadeira provação.
O Caos Criativo: Visitando a Nova Colega
Saindo do supermercado, ela dirigiu-se à casa de sua nova colega de classe.
A colega, uma extrovertida maximalista.
Ao entrar, seus sentidos foram novamente assaltados. Cada superfície estava coberta por objetos: fotos, bugigangas, livros empilhados precariamente. As paredes eram um mosaico de cores vibrantes e padrões conflitantes, tudo contrastando, cortinas, objetos pendurados na paredes.
Imediatamente lembrou-se da teoria de Carl Jung sobre introvertidos e extrovertidos. Enquanto a colega, claramente extrovertida, parecia florescer neste ambiente estimulante. Ela, mais inclinada à introversão, sentia-se altamente sobrecarregada.
A conversa animada e interminável da colega, pontuada por gestos expansivos e risadas altas, somada ao ambiente visualmente caótico, logo deixou-a exausta. Ela pensou em Hans Eysenck e sua teoria dos ambivertidos, perguntando-se se existiria um meio-termo entre seu mundo e o da colega. Aliás, ela se sente mais confiante em certas ocasiões e mais expansiva porém tantos estímulos ao mesmo tempo estavam deixando-a desnorteada e logo se despediu.
O Refúgio Sensorial: Um Oásis de Calma
Finalmente, ela chegou ao seu santuário pessoal, um espaço projetado especialmente para ela por uma designer sensível às necessidades das pessoas PAS. Ao entrar, sentiu imediatamente a tensão deixar seu corpo.
As paredes em tons suaves acalmavam seus olhos cansados. A iluminação indireta e ajustável eliminava o incômodo das luzes piscantes do supermercado. Linhas curvas e suaves substituíam as arestas duras, criando um fluxo visual tranquilizador.

Formas, cores, aroma, acústica., todos os elementos para acalmar e diminuir a sobrecarga sensorial
Em um canto, um pequeno nicho aconchegante, repleto de almofadas macias, oferecia o refúgio perfeito. Plantas estrategicamente posicionadas não apenas purificavam o ar, mas também traziam um toque de natureza para o ambiente, incorporando elementos do design biofílico.
Ela se acomodou em seu cantinho, respirando o aroma suave de lavanda. Pegou seu exemplar de “Super sentidos" de Emma Young, refletindo sobre como sua hipersensibilidade, embora desafiadora, também lhe permitia apreciar nuances que outros não percebiam.

Materiais naturais, cores frias e suaves, formas arredondadas. Elementos que pacificam o sistema nervoso simpático
Neste espaço cuidadosamente projetado, ela podia fazer sua pausa estratégica, recarregar suas energias e se preparar para enfrentar novamente o mundo lá fora. Ela compreendeu que ser uma PAS não era uma fraqueza, mas uma característica única que, com o ambiente adequado, podia se tornar uma força.
Enquanto o sol se punha, lançando um brilho suave através das cortinas diáfanas, ela refletiu sobre seu dia. Do caos sensorial do supermercado ao maximalismo estimulante da casa da sua colega, e finalmente ao seu refúgio sereno, ela havia navegado por um espectro completo de experiências sensoriais.
Com um sorriso, ela percebeu que sua jornada como PAS era exatamente isso: uma navegação constante entre mundos, sempre buscando o equilíbrio entre estímulo e calma, caos e ordem. E naquele momento, em seu santuário pessoal, ela encontrou exatamente o que precisava: um espaço para ser plenamente ela mesma, florescendo como uma orquídea, sensível, que quando encontra um local quente e nutritivo floresce em esplendor.
O fato é que nem todos reagem da mesma forma, mas os resultados…
Ela, em sua jornada cotidiana experimentou a miriade de estímulos vindos do ambiente como uma tempestade sensorial e se viu na necessidade de lidar com tudo isto para manter sua homeostase, seu equilíbrio.
Você deve estar pensando que a colega dela é afortunada pois não é sensível como ela e se permite viver em ambientes maximizados em quantidade de objetos, cores em alto contraste, texturas e formas em completa incoerência.
Porém, é preciso observar duas evidências nesta comparação entre ela e a colega, uma pessoa PAS, ou Pessoa Altamente Sensível e a outra, que podemos chamar de neurotípica, ou a pessoa cujo cérebro e processos neurológicos se desenvolvem dentro dos padrões considerados típicos ou normativos para a maioria da população.
A primeira das evidências, as respostas aos estímulos sensoriais vindos de um mesmo ambiente, podem causar diferentes níveis de reatividade em cada pessoa, desde uma reação aparentemente indiferente à uma reação intensa ou chamada alta reatividade.
A segunda evidência, embora as pessoas mais sensíveis ao ambiente, necessitem de maior tempo de recuperação e suas reações maximizadas sejam perceptíveis e nas outras pessoas, (neurotípicas) não.
Isto não quer dizer que se uma sente profundamente e é afetada em suas reações e decisões e a outra, que aparentemente ficou indiferente no nível consciente, não tenha recebido os efeitos do ambiente no nível abaixo da consciência. A razão é simples, não há ambiente neutro, os efeitos são ou positivos ou negativos.
Agora peço-lhe que escreva me contando sobre como se sente em ambientes descritos no inicio do texto, que oferecem uma quantidade enorme de estímulos sensoriais, como é o caso de supermercados, casa de shows, shoppings e até mesmo certas casa.
Obrigada pela sua companhia nesta jornada incrível de ambiente em ambiente, para esclarecer, mudar, transformar a sua jornada, sempre para melhor!
Abraços
Maitê
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